Agronegócio impacta nos Resultados do Banco do Brasil em 2024

A elevação da inadimplência entre produtores de soja e milho no Centro-Oeste influenciou os resultados financeiros do Banco do Brasil (BBAS3) em 2024. Segundo Geovanne Tobias, CFO da instituição, o aumento dos pedidos de recuperação judicial nesse setor contribuiu para a elevação dos índices de crédito em atraso.

Desempenho Financeiro

Os números divulgados pelo banco na noite desta quarta-feira (19) mostram que o lucro líquido ajustado atingiu R$ 37,9 bilhões, representando um crescimento de 6,6% em comparação com 2023. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) ficou em 21,4%. No quarto trimestre, o lucro líquido ajustado foi de R$ 9,6 bilhões, superando em 0,7% o resultado do trimestre anterior e em 1,5% o do mesmo período de 2023.

Geovanne Tobias destacou que 2024 foi um ano desafiador, mas que o banco conseguiu cumprir as projeções estabelecidas. “Nosso objetivo era atingir um lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 40 bilhões, e entregamos R$ 37,9 bilhões”, afirmou o CFO durante uma apresentação gravada.

Crescimento da Carteira de Crédito

A carteira de crédito ampliada, que abrange títulos privados e garantias, fechou o ano em R$ 1,278 trilhão, registrando um avanço de 15,3% em relação ao final de 2023 e de 6,1% em comparação com setembro de 2024.

A taxa de inadimplência para créditos com atraso superior a 90 dias subiu para 3,32% ao final de dezembro, impulsionada principalmente pelo setor agropecuário. Como consequência, as despesas com Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) aumentaram 16,9% em relação ao ano anterior.

A carteira de crédito para pessoa física registrou crescimento de 2,4% no trimestre e 7,3% no ano, atingindo R$ 336 bilhões. O crédito consignado foi um dos principais destaques, avançando 1,1% no trimestre e 9,8% no acumulado de 12 meses. Para 2025, o banco projeta um crescimento expressivo nesse segmento, especialmente no consignado para trabalhadores do setor privado.

Já os empréstimos para empresas subiram 9,4% em relação ao trimestre anterior e 18% na comparação anual, totalizando R$ 461,1 bilhões. As operações de antecipação de recebíveis tiveram o maior crescimento trimestral, com 36%, enquanto as linhas de financiamento para investimentos empresariais avançaram 25,9% no ano.

No quesito crédito sustentável, o banco fechou 2024 com R$ 386,7 bilhões alocados em operações voltadas para boas práticas socioambientais, um crescimento de 12,7% em 12 meses. Desses recursos, 28,7% foram destinados a projetos sustentáveis, incluindo investimentos de R$ 49,6 bilhões em iniciativas voltadas ao meio ambiente.

Inadimplência no Setor Agropecuário

A carteira de crédito voltada ao agronegócio teve alta de 2,9% no trimestre e 11,9% no ano, alcançando R$ 397,7 bilhões. No entanto, o índice de inadimplência para o setor superou as projeções do banco, encerrando 2024 em 2,45% para financiamentos com mais de 90 dias de atraso.

De acordo com Tobias, cerca de 20% do aumento da inadimplência no agro foi consequência direta do crescimento dos pedidos de recuperação judicial. Ao longo do ano, aproximadamente 250 produtores rurais e empresas do setor agropecuário entraram com pedidos de recuperação judicial, gerando impactos na carteira de crédito do banco.

Diante desse cenário, o Banco do Brasil adotou medidas específicas para minimizar os riscos e acompanhar a evolução dos casos no setor. Para 2025, a instituição pretende intensificar o monitoramento do segmento agropecuário, com atenção especial para as operações realizadas na região Centro-Oeste, onde há maior concentração de dificuldades financeiras entre os produtores.

Confira outros posts relacionados

Inadimplência Estrutural no Agronegócio: Causas, Sinais e Caminhos para Reverter o Quadro
Como Calcular o Custo Real da Dívida Rural (e evitar supresas)
A conta das Rjs chegou: Ações do Banco do Brasil despencam após divulgação de balanço
Grupo Safras pede Recuperação Judicial com mais de R$ 2 bilhões em dívidas
Agronegócio impacta nos Resultados do Banco do Brasil em 2024
Estratégias para evitar a Recuperação Judicial entre Produtores Rurais
O Poder da Negociação no Endividamento Rural