A conta das Rjs chegou: Ações do Banco do Brasil despencam após divulgação de balanço

O Banco do Brasil (BB) encerrou o primeiro trimestre de 2025 enfrentando um cenário desafiador, marcado por uma alta expressiva na inadimplência do crédito rural e pela aplicação de novas exigências regulatórias contábeis. A combinação desses fatores pressionou os resultados financeiros da instituição e provocou forte reação negativa entre os investidores.

No período de janeiro a março, o lucro líquido ajustado do BB foi de R$ 7,4 bilhões, representando uma queda de 20% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. O resultado ficou aquém das expectativas do mercado, que projetava algo próximo a R$ 8 bilhões. Em resposta, as ações do banco (BBAS3) despencaram mais de 12% na Bolsa de Valores, configurando a maior queda do Ibovespa naquele dia. A perda de valor de mercado superou os R$ 17 bilhões.

O principal fator que afetou os números foi o agravamento da inadimplência entre os produtores rurais. A carteira de crédito agropecuário do BB apresentou um índice de inadimplência de 3%, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2024. Os valores vencidos há mais de 90 dias ultrapassaram os R$ 5 bilhões, com destaque para operações com produtores de soja em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Grande parte desses casos está associada a pedidos de recuperação judicial (RJ) por parte de produtores rurais. Segundo o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, muitos desses pedidos são motivados por condutas que classificou como “litigância predatória”. De acordo com ele:

“Tem produtor sendo levado a fazer recuperação judicial com promessas completamente descabidas por parte de alguns advogados. Essa não é a solução para a grande maioria dos casos. Vemos claramente uma judicialização estimulada de forma oportunista, e isso prejudica todo o setor e o sistema bancário como um todo.”

Além do impacto direto da inadimplência, outro fator que pressionou os resultados foi a adoção da Resolução nº 4.966/2021 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alterou as regras para o provisionamento de perdas em operações de crédito. A norma exige agora a contabilização com base em perdas esperadas — e não apenas nas efetivas — o que resultou em um impacto contábil de aproximadamente R$ 800 milhões apenas neste trimestre. O efeito foi particularmente severo na carteira do agronegócio, dada a sensibilidade do setor às oscilações de mercado e clima.

Diante desse cenário de incerteza, o Banco do Brasil optou por suspender temporariamente seu guidance para o ano, que previa lucros entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões. Uma nova estimativa será apresentada nos próximos meses, com base na evolução da carteira de crédito e nos resultados das estratégias de cobrança e renegociação.

Apesar das dificuldades, a presidente do banco, Tarciana Medeiros, buscou tranquilizar o mercado. Segundo ela, o banco já ajuizou cerca de 65% das operações inadimplentes e vem fortalecendo sua atuação com o uso de dados analíticos e ferramentas de cobrança mais eficientes, mantendo a política de relacionamento próximo com os clientes do campo.

A executiva reafirmou ainda a intenção de manter a política de distribuição de 40% do lucro em dividendos, embora a continuidade dessa diretriz dependa da evolução dos indicadores de inadimplência, especialmente no agronegócio — setor considerado estratégico para o banco e para o país.

O Banco do Brasil aposta que, com a colheita da nova safra e o avanço das medidas de cobrança, haverá uma tendência de estabilização da inadimplência ao longo do segundo semestre.

A perspectiva da Solve Agro: o risco da judicialização precipitada e o caminho da negociação estratégica

Na Solve Agro, acompanhamos de perto a realidade que atinge muitos produtores endividados. A crescente judicialização no campo, muitas vezes incentivada por promessas infundadas, pode levar o produtor a uma falsa sensação de segurança — quando, na verdade, os custos, a exposição e as consequências de uma recuperação judicial são, na maioria das vezes, danosas e irreversíveis.

A fala do executivo do Banco do Brasil confirma o que vemos diariamente em nossa atuação: há uma litigância predatória em curso, muitas vezes alimentada por interesses que não têm compromisso com o futuro do produtor rural.

Nossa proposta é diferente. Atuamos para prevenir a judicialização, estruturando soluções eficazes de renegociação de passivos, com foco em viabilidade, segurança patrimonial e sustentabilidade da atividade rural. Acreditamos no diálogo direto com credores e no redesenho das finanças como o melhor caminho para preservar o legado, a terra e o futuro das famílias do campo.

É possível sair da crise sem depender do Judiciário. Com estratégia, conhecimento técnico e confiança mútua, ajudamos o produtor rural a encontrar um novo rumo — longe das armadilhas da ilusão e das promessas fáceis.

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